Conheça o Studio Trança Nagô, salão especializado em tranças sintéticas e cabelos afros: 'O ideal é fazer a manutenção a cada dois meses, no máximo'

Fábio Peixoto junto com as trancistas do Studio Trança Nagô, salão especializado em tranças sintéticas

Você já imaginou criar um salão a partir de um blog? Pois essa foi exatamente a ideia do empreendedor Fábio Peixoto, 31 anos, que decidiu transformar seu espaço virtual no Studio Trança Nagô, dedicado à valorização do cabelo afro e da cultura negra. Localizado em Madureira, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, o salão conta com uma equipe de trancistas (que pode aumentar de acordo com a demanda) e eles deram várias dicas para quem tem vontade de trançar os fios. Confira a entrevista exclusiva para o Fique Diva!

DA INTERNET PARA O “MUNDO REAL”: COMO SURGIU O STUDIO TRANÇA NAGÔ

Como a maioria dos jovens conectados, Fábio compartilhava dicas na internet a respeito dos assuntos que curtia, principalmente ligados à cultura negra: “O blog era voltado para tudo que envolvia cabelo, desde produtos de beleza e dicas de cuidados até eventos culturais afro. Eu também gostava muito de fazer trança nos meus fios e não encontrava espaços para trançar. Então, comecei a escrever sobre isso, pesquisar e divulgar lugares que faziam esses trabalhos”.

Só que, como o blog se chamava Trança Nagô, muitas pessoas entravam em contato para saber se a página virtual também tinha um espaço físico. Por isso, alguns anos de conteúdo depois, o Studio Trança Nagô surgiu. “Primeiro, eu e meu antigo sócio alugamos um espaço em uma loja de roupas em Madureira e era tudo emprestado, começamos do zero. Depois que a sociedade acabou, fui para um espaço próprio, menor e só com duas cadeiras. A equipe cresceu e, hoje, em nosso atual endereço, já conseguimos atender oito pessoas ao mesmo tempo. Em época de fim de ano até o Carnaval, quando a demanda aumenta mais, são em média 25 pessoas por dia”.

DEPENDENDO DO PENTEADO, A TRANÇA PODE DEMORAR MUITAS HORAS ATÉ FICAR PRONTA!

E não vai achando que fazer trança é fácil, viu, diva? “O modelo escolhido pode variar de acordo com a quantidade de cabelo, o formato da cabeça, a nuca, porque tudo isso interfere na hora de trançar. Nem sempre o penteado que a cliente quer é a melhor opção para ela, temos sempre que adaptar a vontade com a possibilidade”, conta Fábio.

Além disso, trançar os fios é um trabalho minucioso que pode levar muitas horas até ficar pronto. Que o diga a trancista Carolina Elliot! Ela, que trabalha no salão há dois anos, aprendeu a fazer as tranças ainda pequena, em uma tradição passada por toda a geração de mulheres da sua casa, e foi se especializando ao longo dos anos. “É um aprendizado diário. Eu mesma já fiquei 12 horas trançando, porque a cliente tinha muito cabelo e eram muitas tranças, mas eu também tinha pouca experiência. Com a prática, é mais fácil reduzir o tempo sem perder a qualidade”. No Studio Trança Nagô, com toda a experiência profissional e habilidade das trancistas, o trabalho também acaba ficando mais dinâmico e bem mais ágil. 

A TRANÇA NÃO TEM RESTRIÇÕES, MAS EXIGE CUIDADOS ESPECIAIS

Deu para notar que para fazer trança tem que ter disposição, certo? A vantagem é que todo mundo pode se aventurar nos penteados trançados, de diferentes tipos. “Quando alguém pergunta sobre ‘trança masculina’, por exemplo, sempre respondo que trança não tem sexo e nem gênero! Basta ter cabelo e comprimento para fazer”, reforça Fábio. Mas, de acordo com a equipe do Studio Trança Nagô, elas exigem cuidados especiais antes e depois do penteado.

Um deles é o tamanho dos fios. O ideal é ter pelo menos de 7 a 8 centímetros de raiz, para que a trancista consiga fazer os penteados. Além disso, hidratar bem os cabelos antes de trançá-los é o básico e a melhor pedida para mantê-los saudáveis antes da manutenção.

PODE LAVAR AS TRANÇAS? DÁ COCEIRA? SAIBA MAIS!

É quase unânime entre as pessoas que querem fazer tranças ter dúvidas sobre a lavagem, se dá para dormir de boa com o penteado e se é possível ter algum tipo de reação ao material. Por isso, todo mundo que vai ao Studio Trança Nagô leva um panfletinho para casa com todas as informações a respeito do novo look.

No entanto, a Carol adiantou algumas dicas valiosas para o Fique Diva. “Para a lavagem, a gente sempre sugere diluir o shampoo com água, para penetrar com mais facilidade e não acumular na raiz. Também pode fazer a assepsia com um lenço umedecido, para evitar de lavar os fios sempre, porque eles demoram para secar”.

E mais, diva: o tempo de manutenção das tranças é de, no máximo, dois meses! “Muitos achavam que podiam ficar com as tranças por 3 meses ou mais, só que é impossível. Acumula muita poeira, resíduos de produtos… De um mês e meio a dois meses é o ideal”.

JUMBO, KANEKALON OU LÃ: QUAL É A MELHOR OPÇÃO?

Entre os materiais usados para tranças, o jumbo é o mais coringa de todos: “O jumbo costumava ser o mais caro de todos, mas isso tem mudado e, com ele, é possível fazer todos os tipos de tranças”, conta Fábio.

Ainda segundo o empreendedor e dono do Studio Trança Nagô, a lã é a melhor opção para quem tem fios alisados ou quimicamente tratados, por ser um material mais poroso, que não escorrega. Já o kanekalon é um pouco mais pesado e tem menos volume, mas a escolha depende muito do estilo de vida e do objetivo da cliente.


A TRANÇA É UMA ÓTIMA OPÇÃO PARA QUEM ESTÁ EM TRANSIÇÃO CAPILAR OU QUER MUDAR O VISUAL

Se você está em transição capilar e não sabe como lidar com o cabelo natural, a trança pode ser uma boa alternativa. “A trança é muito indicada para a transição, porque a pessoa acaba não tendo que lidar com o cabelo dela, fica escondido. Então, cada vez que ela tira é uma novidade, uma textura diferente. Não fica aquela neura do cabelo crescendo” explica Carol.
Mas, se você já passou pela transição e quer experimentar as tranças, pode ir sem medo. E Fábio deixa um recado para as leitoras: “O maior problema é quando você só se vê bonita de um jeito, principalmente para quem tem o costume de alisar os fios. Aí você passa por todo um processo de deixar e aceitar o seu cabelo natural e percebe que pode ser bonita de qualquer forma, com o cabelo alisado, cacheado, crespo ou com trança”.

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